quinta-feira, 15 de julho de 2010

Adoro essa música!

Um Índio

Caetano Veloso

Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante

Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá

Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto, em cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico

Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio

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Aqui na Interpretação de Bethânia.
Aqui o magnífico Ney Matogrosso.
Aqui o grave de Zé Ramalho
Aqui Barão Vermelho

Esse Caetano é um puta compositor.

3 comentários:

Andrea disse...

eu não gosto dele, nao, mas ele é realmente um compositor do caralho... tudo bem com o fogão? rs #piadainterna

Sempre Que Penso... disse...

De Caetano adoro Lua e Estrela interpretada por Cidade Negra, é um sonho na voz do Tony Garrido. Postei o selo!!!

;D


Bjaum'

Professor Marcos Roberto disse...

caetano sempre em verso sabe por na forma toda a expressão e sentido que incita nossa sensibilidade, além de surpreender com associações "antropofágicas" talvez antes inimagináveis; ali, peri, bruce lee e ghandi, tudo ajuntado e untado no obvio silenciado do brasileiríssimo afoxé!