Estou segurando. Forte.
Um grande abismo me espera. A todos.
Minhas mãos estão cansadas, escorregam.
Inertes a pressão que me puxa.
É um abismo, não real.
Um abismo de pensamentos e sentimentos.
Impostos.
Banais.
Olho e vejo.
O mundo é frio.
É o abismo.
Individualista, confuso.
A visão das misérias não nos chocam mais. Não mais.
Passam lentas a minha frente. A sua frente.
Todos querem e poucos fazem.
Navego num mar solitário.
A consciência me fez assim.
Sozinha eu vejo.
Queria poder não ver.
Mas sei o que fizemos a nós mesmos.
Os dedos deslizam.
O esforço é cada vez maior.
Medo. Tenho medo de cair ou de resistir?
Medo. Tenho que senti-lo para me tornar humana.
Mas medo de quê?
Humana para quê?
Os pensamentos ferem a euforia do próprio ato de existir.
Existo. Estou aqui.
Quantos sabem disso?
Eu sei.
Um gosto amargo na boca.
Sufocado à garganta, o cansado grito ecoa: Seja forte!
Mas estou sozinha.
Um comentário:
Tá nada!
Postar um comentário