quinta-feira, 12 de junho de 2008

Forte



Estou segurando. Forte.
Um grande abismo me espera. A todos.
Minhas mãos estão cansadas, escorregam.
Inertes a pressão que me puxa.

É um abismo, não real.
Um abismo de pensamentos e sentimentos.
Impostos.
Banais.

Olho e vejo.
O mundo é frio.
É o abismo.
Individualista, confuso.

A visão das misérias não nos chocam mais. Não mais.
Passam lentas a minha frente. A sua frente.
Todos querem e poucos fazem.

Navego num mar solitário.
A consciência me fez assim.
Sozinha eu vejo.
Queria poder não ver.
Mas sei o que fizemos a nós mesmos.

Os dedos deslizam.
O esforço é cada vez maior.
Medo. Tenho medo de cair ou de resistir?
Medo. Tenho que senti-lo para me tornar humana.

Mas medo de quê?
Humana para quê?

Os pensamentos ferem a euforia do próprio ato de existir.
Existo. Estou aqui.
Quantos sabem disso?
Eu sei.

Um gosto amargo na boca.
Sufocado à garganta, o cansado grito ecoa: Seja forte!
Mas estou sozinha.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tá nada!